Desde 2002 que NGA e os Força Suprema colocam as suas mix tapes na internet e nas ruas. O número de fãs tem crescido e os rappers, residentes na linha de Sintra, em Portugal, têm dado shows por toda a Europa e várias vezes vieram Angola mostrar todo o seu talento. Desta vez, o espectáculo do grupo assinalou mais uma conquista: o lançamento do álbum “Filho das ruas”.
Já era noite quando cheguei ao “TMN ao Vivo”, em Lisboa, e a chuva ameaçava cair sobre a capital portuguesa. A casa prometia estar cheia e foi o que aconteceu. O ambiente estava a ser animado pelo DJ de serviço e não eram poucos os que mostravam os seus dotes de dançarinos.
Pouco passava das 22:30 quando começou a ouvir-se o instrumental que anunciava a entrada de NGA ao palco. O rapper veio cheio de energia, carregando na voz um dos seus hinos, que foi cantado por ele e pelo público. A canção “Alleluya”, que teve um remix em Angola, revelou-se um excelente tema de abertura, fazendo com que NGA agarrasse desde o inicio a sua audiência.
Mas o rei da LS (Linha de Sintra) faz-se sempre acompanhar pela sua família, os Força Suprema, e não tardou que todos se juntassem em palco para cantar o tema “Memu Nigga”. A energia entre os quatro era imensa e apesar de este ser um concerto especial, não se notou nenhum nervosismo, aliás apenas foi visível a experiência de quem “anda na estrada há muitos anos”.
É notória a forma descomplexada com que todos eles lidam com o público, bem como com os imprevistos que acontecem em cima do palco: o instrumental falhar, microfones baixos ou ainda quando um dos convidados falta. A festa foi feita com participações especiais de peso, como Djodje , Drika, BDR e Fred Lewis. Os convidados deram voz a muitas músicas já consideradas clássicos do hip-hop na língua lusa, como foram os casos de: “É lá no ghetto”, “Kamasutra”, “Kolosssal”, “Amor é uma merda”, “We made it” ou “Uma mboa”.
Só quando o último instrumental tocou percebi que o NGA não tem actualmente maior bandeira que a música “Qual é o Mambo”. Foi o caos no palco e na plateia, com todos a saltar e a cantar cada rima. Atingiu-se assim o apogeu, mesmo no final do espectáculo, a melhor maneira de terminar em grande este show.
Foi com sorrisos que os espectadores saíram da sala e se depararam com a chuva no exterior, munidos daquela satisfação de quem não recebeu menos do que esperava. No backstage encontrei a alegria de uma família que deu tudo o que tinha, mas que retirou prazer de cada momento, pois em troca do esforço recebeu do público energia, respeito e amor. NGA e Força Suprema protagonizam assim mais um concerto que ficará certamente na memória de muitos como a rampa de lançamento perfeita para um novo ciclo.
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